segunda-feira, 23 de março de 2015

Gênese de Wall Ferraz segue na Prefeitura de Teresina

Por Claudio Barros[1]


Neste domingo, 22 de março de 2015, completam-se 20 anos da morte de Raimundo Wall Ferraz (1932-1995), político teresinense, professor da Universidade Federal do Piauí, historiador.
Wall era um político diverso do que sempre se teve como político, mas tinha um característica comum a essa atividade: sabia se reinventar.
Ele começou a vida na União Democrática Nacional (UDN), um partido sempre identificado com pendores golpistas, tanto que tinha entre seus mais destacados membros Carlos Lacerda e José Sarney. Terminou no PMDB chamado “autêntico”, que perto do PMDB poderia ser praticamente de extrema esquerda.
Cedo, aos 18 anos, foi candidato a vereador de Teresina. Era sobrinho de José Cândido Ferraz, homem todo-poderoso, mas fez campanha com a cara, a coragem e a ajuda dos amigos, entre os quais o primo Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira, hoje com 82 anos. Foi vereador entre 1954 e 1962, quando se tornou vice-prefeito de Teresina. Na época, era também o presidente da Câmara Municipal.
Wall foi ainda secretário da Educação no primeiro governo de Alberto Silva (1971-1975) e prefeito indicado de Teresina pelo cunhado, o governador Dirceu Arcoverde (1975-1979).
Em 1982, já no PMDB, elegeu-se deputado federal. Teve na época em torno de 53 mil votos – a maioria em Teresina, o que fez dele o “candidato natural” a prefeito da cidade quando, em 1985, foram restabelecidas as eleições para as prefeituras das capitais.  Foi eleito numa disputa contra Átila Lira, do PFL.
Em 1990, já filiado ao PSDB, disputou e perdeu o governo do Piauí para Freitas Neto (PFL) e dois anos depois foi eleito prefeito de Teresina, com 67% dos votos válidos, batendo ninguém menos que Alberto Silva (1918-2009), que dois anos antes tinha deixado o governo do Piauí.
Wall morreu no exercício do mandato – após sofrer um AVC.
Ao reinventar-se como político, Wall Ferraz conseguiu impor um estilo administrativo no Palácio da Cidade. Mais que isso, se pesarem e medirem bem, o mando atual na Prefeitura tem a gênese de Wall Ferraz há 30 anos.
O grupo tucano atual pode não ser originalmente o que eram os “wallistas” históricos, mas sucessivamente desde 1985, apenas um político não ligado a Wall sentou-se na cadeira de prefeito de Teresina: o hoje senador Elmano Férrer, que ocupou o lugar em razão da renúncia de Silvio Mendes (2010).
Todos os demais ocupantes do cargo de prefeito – Heráclito Fortes (1989-1993), Francisco Gerardo (1995-1997), Firmino Filho (1997-2005), Silvio Mendes (2005-2010) –  chegaram lá ou com as bênçãos e ou com apoio de Wall Ferraz ou ainda porque fizeram parte de um grupo em cuja gênese estava o velho professor de História da Universidade Federal do Piauí.

Fonte: <http://www.oolho.com.br/blog/urbi-et-orbi/post/genese-de-wall-ferraz-segue-na-prefeitura-de-teresina>.





[1] Jornalista, graduando em História e colaborador do Núcleo de Pesquisa em Memória – NUPEM/UFPI.

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