terça-feira, 31 de março de 2015

A longa noite acabou. Não a tragamos de volta.

Por Claudio Barros[1]

Hoje é 31 de Março. Em tempos idos e não saudosos, este era um dia de celebração. não do povo, mas de um agrupamento pequeno que comemorava uma "revolução" - o nome pomposo que se deu ao golpe militar de 31 de março de 1964, que destituiu um presidente constitucional - joão Goulart - e lançou o Brasil numa longa noite autoritária, trevas que se estenderam por 21 anos e cujos reflexos negativos ainda hoje sentimos.
Não há sentido em que as pessoas sintam saudades desse tempo, tampouco que homens e mulheres jovens, que não conheceram in loco este pesadelo político agora se entreguem a uma equivocada proposta de intervenção militar na política.
Os militares que impuseram ao Brasil, pela força das baionetas, sua vontade, não são exatamente uma solução para o país – ao menos do ponto de vista político, já que como servidores do Estado podem e devem construir soluções as mais variadas para problemas brasileiros, desde que o façam no espaço legal e institucional que a Constituição lhes reserva.

Brasileiro que pede intervenção militar, com efeito, ou é um ignorante completo ou um mal intencionado militante. Isso porque não existem ditaduras boas. Pode até existir uma ditadura perfeita, como bem definiu Mário Vargas Llhosa a respeito do governo do Partido da Revolução Institucionalista, no México. Porém, a perfeição, neste caso, se refere ao verniz de democracia que reveste a feiúra antidemocrática de governos que não se submetem ao risco do voto livre e de instituições fortes, independentes e harmônicas entre si.
Neste 31 de março, quando já são decorridos 51 anos do golpe militar de 1964, a hora é de se refletir sobre a História, tirando dela as lições para não repetir no presente e no futuro aquilo que foi um grande erro no passado.
É razoável lembrar que em 1964, homens de bem como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, avistaram na interrupção forçada do mandato de um presidente constitucional uma boa chance para a democracia. Estavam enganados, como enganados estão todos os áulicos que saem às ruas enxergando uma miragem democrática nos quartéis.




[1] Jornalista, graduando em História e colaborador do Núcleo de Pesquisa em Memória NUPEM/UFPI.

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