terça-feira, 28 de abril de 2015

Reunião no NUPEM define passos iniciais para digitalização de documentos

Em reunião realizada hoje no Núcleo de História e Memória (NUPEM) foram acertadas as providências para a digitalização de sete caixas de documentos retirados do Fórum da Comarca de Castelo (116 quilômetros ao Norte de Teresina), além de livros dos dois cartórios e da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro.
A reunião contou com a presença dos professores Ana Regina Rego, do Departamento de Comunicação, Fonseca Neto, Johnny Santana, Pedro Vilarinho e Francisco Nascimento, do Departamento de História, além dos alunos graduandos integrantes do NUPEM, Rodrigo Caetano Silva, Ronyere Ferreira, Diêgo Assunção e Cláudio Barros.

Também compareceu à reunião o bacharel em Direito Clarindo José Lopes Machado, servidor da Corregedoria Geral de Justiça.
Ficou acertado que serão usados scanners e máquinas fotográficas do Projeto Memória, coordenado pela professora Ana Regina Rego.  Estudantes dos cursos de Comunicação Social e de História devem fazer o trabalho de digitalização dos documentos, que também serão catalogados.
Esforços das áreas de Comunicação Social e História da UFPI serão feitos no sentido de reunir equipamentos e material, além de capital humano, para que todo o acervo de documento esteja digitalizando e organizado em um espaço de seis meses, quando expira o prazo para devolução tanto à Comarca quanto à Paróquia.

O trabalho de digitalização também servirá como guia para se estabelecer os procedimentos para novas ações no sentido organizar e criar os arquivos em meio digital de outros documentos existentes em fóruns, cartórios e paróquias do Piauí.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Logomarcas de governos podem ser documentos históricos

A calçada do Palácio de Karnak, o talude de um viaduto sobre a BR-343, em Teresina, ou uma placa posta na Unidade Escolas Estado de São Paulo, no bairro Parque Piauí, também na zona Sul da capital do Piauí, podem ser documentos históricos? Sim, se seguirmos a Escola dos Anais.
Está muito evidente, estampada nas pedras portuguesas, a logomarca do governo de Alberto Silva (1971-1975), nas calçadas do Palácio de Karnak e do Instituto de Educação Antonino Freire.
Do mesmo modo é bastante visível a logomarca da administração estadual de Freitas Neto (1991-1994), no talude do viaduto da Praça do Viajante, em frente à Rodoviária de Teresina.
Uma placa na Unidade Escolar Estado de São Paulo, no Parque Piauí, traz a logomarca do governo de Lucídio Portella (1979-1983).
O que são importantes nesses documentos? Tanta coisa. Elas podem servir como delineadoras das opções dos respectivos governos ou de suas ações e prioridades. É um bom indicativo do que fizeram ou deixaram de fazer os governantes.
No entanto, chamaria a atenção de num historiador/pesquisador para o primeiro destes registros, o da logomarca do governo de Alberto Silva, assentada nas pedras portuguesas das calçadas do Karnak e Instituto de Educação. São registros de quatro décadas atrás, que colocam em evidência o governante, mas também uma nova abordagem sobre o uso de imagem.
A partir do governo de Silva foi que o uso de uma logomarca surgiu pela primeira vez por uma administração estadual no Piauí. Isso é um excelente objeto para estudo, porque estabelece o uso de imagem pelo governante e, portanto, faz toda a diferença.

A logomarca estampada em uma calçada é um paradigma entre um Piauí não midiático e um que começava a perceber na comunicação de massa um modo de fazer política. E de construir mitos através de um bem sucedido processo de culto à personalidade.
Alberto Silva inaugurou um momento em que se estabelecia marcas para o governo, sejam gráficas, como a logo, sejam de mentalidade – como a de determinar que ao Estado cabia estimular a autoestima das pessoas.

Desde 1971 até 2014, o uso de logomarcas tem sido uma constante pelos governos do Piauí.
Wellington Dias (2003-2010) criou para si a imagem de que governava para criar cidadãos felizes e seu sucessor, Wilson Martins (2010-2014) usou um verso do Hino do Piauí para “vender” uma ideia do Piauí como “terra querida”.
No ano passado, uma lei estadual proibiu o uso das logomarcas e estabeleceu que o brasão do Estado é que deve ilustrar placas e outras formas de sinalização.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

NUPEM remove documentos históricos de Castelo do Piauí para digitalização em Teresina

Documentos históricos dos séculos XVIII, XIX e XX, localizados em Cartórios, no Fórum e na Paróquia de Castelo do Piauí (166 km ao Norte de Teresina) estão agora no Núcleo de Pesquisa em Memória (NUPEM), da Universidade Federal do Piauí, no Campus Ministro Petrônio Portella, em Teresina.
Os documentos foram trazidos por uma missão composta pelo professor doutor Fonseca Neto e pelos graduandos pesquisadores Cláudio Barros, Pedro Thiago Costa Melo, Ronyere Ferreira e Rodrigo Caetano Silva. O grupo estava acompanhado do servidor da Corregedoria Geral de Justiça, Clarindo José Lopes Machado.


No Fórum de Castelo, foram localizados documentos do século XIX em 14 caixas agora sob a guarda do NUPEM, para higienização e digitalização, em um trabalho que deverá durar pelo menos seis meses.


Do Cartório do 2° Ofício de Castelo, foram removidos livros de registros que também serão digitalizados, bem como a Carta de Sesmaria e registros de propriedades que estavam depositados no Cartório do 1º Ofício da mesma comarca, uma das mais antigas do Estado.
Os documentos do Judiciário e cartórios foram cedidos para guarda do NUPEM por orientação do corregedor geral de Justiça, desembargador Sebastião Ribeiro Martins. Também foi fundamental para agilitar a localização e remoção dos documentos a presteza com que o grupo do NUPEM foi atendido pelo juiz de Castelo, Leonardo Brasileiro.
Houve também presteza do pároco de Castelo, padre Tadeuz Semmerling , que gentilmente cedeu sete livros de batismos e casamentos da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro. Os assentamentos referem-se a batismos e casamentos desde a segunda metade do século XIX até os anos 20 do século passado.


O esforço para digitalização destes documentos é uma iniciativa inaugural para que se façam outros trabalhos no mesmo rumo, sobretudo nos fóruns, cartórios e paróquia dos municípios mais antigos do Piauí, instalados, como Castelo, antiga Marvão, ainda no século XVIII, como Parnaguá, Jerumenha, Oeiras, Valença, Campo Maior e Parnaíba.


sexta-feira, 17 de abril de 2015

Livros novos

Neste mês os leitores interessados em pesquisas acadêmicas na área de História ganham boas novidades: “História e cultura urbana: a cidade como arena de conflitos”, organizado por Denilson Botelho, e Interpretações do Brasil, organizado por Fábio Almeida de Carvalho e João Kennedy Eugênio.
História e cultura urbana é uma coletânea contendo resultados parciais de pesquisas historiográficas, entre seus autores estão os professores Pedro Vilarinho Castelo Branco, Francisco Alcides do Nascimento e Francisco de Assis de Sousa Nascimento, que integram o corpo docente do Departamento de História e Mestrado em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí. No site da Editora Multifoco lê-se:

Crônicas, literatura, canções, teatro e jornais. Esses são os objetos abordados na coletânea [...]. É através deles que cada um dos autores aqui reunidos nos leva a refletir sobre cidades como Teresina, Oeiras, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Esses textos são preciosos resultados parciais de pesquisas em desenvolvimento. Seus autores são flagrados em suas oficinas, a manejar com esmero e habilidade os instrumentos de análise que empregam no seu ofício. A cidade é para eles arena de conflitos na qual cada um pinçou um objeto a ser destrinchado: jornais, crônicas, literatura, canções e teatro.


O livro pode ser comprado pelo site da editora ou na coordenação do Mestrado em História do Brasil, localizado no Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Piauí.
Interpretações do Brasil, organizado por Fábio Almeida de Carvalho e João Kennedy Eugênio - professor do Departamento de História da UFPI - será lançado no dia 29 de abril em Teresina, as 18:30, na Livraria Anchieta. O livro trata-se de coletânea contendo 29 artigos acadêmicos que giram em torno da questão "que país é esse?".

Boas leituras.

Fontes:


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Jônatas Batista, arte e desilusão

Ronyere Ferreira[1]

Há 80 anos falecia Jônatas Batista, fecundo literato piauiense do início do século XX, sem prejuízos aos variados gêneros, destacou-se especialmente como cronista e dramaturgo.
Jônatas foi figura marcante na imprensa periódica e um dos principais nomes do teatro teresinense durante as primeiras décadas do século XX, atuando em todas as funções possíveis, desde assistente de palco a diretor e dramaturgo. Higino Cunha ao retratar sua produção destacou:
O seu drama Jovita, ou a heroína de 1865, as suas revistas de costumes, principalmente O Bicho, os seus monólogos e cançonetas, tão aplaudidos pelo nosso público, já tiveram repercussão lá fora, onde não contamos nenhum teatrólogo, e lhe facilitaram ingresso na Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, da qual é sócio, o único piauiense que mereceu tamanha honra, até hoje. [2]
Juntamente com a popularidade propiciada pela incansável atuação cultural, o literato convivia com forte desilusão em relação seu meio, acusando por vezes a aversão que os teresinenses teriam pelo teatro. Em crônica de 1924, Caio Salustio destacou que os esforços de Jônatas Batista no movimento teatral da cidade seriam infrutíferos, resultado da indiferença e desprezo pelas iniciativas culturais.[3]
A esse ressentimento juntaram-se suas crises financeiras, inconciliáveis com seus empregos públicos de pouca notabilidade, sua extensa família e seus gastos com a publicação de periódicos e montagens de peças, provocando sua saída de Teresina em meados da década de 1920, com destino ao Pará, onde foi Promotor Público, Advogado Rábula e Secretário da Intendência.

Após rápida carreira administrativa no Pará, transferiu-se para São Paulo, onde publicou seu segundo livro de poemas, Alma sem rumo, foi acolhido pelas rodas de intelectuais, estabilizou-se economicamente e abandonou o que chamava de indiferença política, disputando uma vaga para Deputado Estadual nas eleições de 1934, sem coligação partidária e angariando cerca de 2.900 votos.[4]
Um ano depois, 1935, faleceu em sua casa, aos cinquenta anos de idade, acontecimento divulgado em diversos Estados. O Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, lembrou sua descendência tradicional do Norte do Brasil, assim como a consternação provocada nos meios intelectuais.[5] Ao comentar a morte do literato, a revista feminina Vida Doméstica (PA) publicou o que noticiava ser seu último soneto, escrito poucos dias antes de falecer, onde já saldava a calmaria da velhice:
Velhos, ó meus irmãos, eis-me chegado
Ao vosso solitário acampamento...
Venho de longe, um tanto fatigado,
E peço e imploro o vosso acolhimento.

Agrada-me ficar ao vosso lado,
Na paz e quietação desse convento,
Onde se evocam sonhos do passado,
Nesse doce e feliz recolhimento... [...] [6]

Com sua extinção, em 15 de abril de 1935, Jônatas Batista deixou uma vasta produção literária dispersa por vários Estados, um valioso testemunho sobre a realidade social das cidades em que residiu, depoimento sobre a arte e a desilusão.




[1] Graduando em História pela Universidade Federal do Piauí e bolsista do Núcleo de Pesquisa em Memória, NUPEM/UFPI.
[2] CUNHA, Higino. O teatro em Teresina. Teresina: Tipografia do Correio do Piauí, 1922, p. 4.
[3] SALUSTIO, Caio. Rosa do sertão. O Arrebol, ano 10, n. 66, 9 out. 1924, p. 2.  
[4] Sobre a candidatura de Jônatas, conferir: BOLETIM Federal. Diário Oficial do Estado de São Paulo. São Paulo, ano 44, n. 223, 11 out. 1934, p. 13; COLIGAÇÃO dos independentes. Diário Oficial do Estado de São Paulo. São Paulo, ano 44, n. 252, 18 nov. 1934, p. 26; COLIGAÇÃO dos Independentes. Diário Oficial do Estado de São Paulo. São Paulo, ano 44, n. 267, 7 dez. 1934, p. 21; QUADRO geral das apurações do pleito de 14 de outubro. Correio Paulistano. São Paulo, ano 81, n. 24.134, 25 out. 1934, p. 2. 
[5] FALECIMENTOS. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 45, n. 90. 16 abr. 1935, p. 12.
[6] BATISTA, Jônatas. Aos velhos. Vida Doméstica, Belém, n. 206, maio 1935, [S/ P].

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Cooperação entre UFPI e Corregedoria de Justiça do Piauí permitirá digitalização de documentos


A Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Piauí e o Departamento de História da Universidade Federal do Piauí devem firmar em breve um termo de cooperação técnica. O objetivo é digitalizar documentos dos acervos cartorários e de processos de fóruns. O primeiro trabalho deverá ser realizado com documentação da Comarca de Castelo do Piauí, um dos sete primeiros municípios criados no Estado.
Para discutir os termos da cooperação, reuniram-se no começo da tarde desta quarta-feira (8/4/15), na sede da Corregedoria Geral de Justiça, o  corregedor geral, desembargador Sebastião Ribeiro Martins, o juiz auxiliar Max Paulo Soares de Alcântara, os professores doutores Pedro Vilarinho, pró-reitor de Pesquisa da UFPI, Antonio Fonseca Neto, chefe do Departamento de História e Johnny Santana de Araújo, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Memória (NUPEM). Presentes também os estudantes-pesquisadores Rodrigo Caetano e Cláudio Barros, integrantes do NUPEM.



Ficou acordado que haverá um levantamento do acervo documental existente nos cartórios de Castelo do Piauí, bem como na Secretaria do Fórum da Comarca. A partir daí se vai estabelecer quais os documentos deverão ser removidos a Teresina, para, sob guarda do NUPEM, serem digitalizados e depois devolvidos ao local de origem.

O desembargador Sebastião Martins elogiou a iniciativa do Departamento de História e do NUPEM para salvaguarda digital da documentação. No entendimento do desembargador, a partir da iniciativa pontual em Castelo do Piauí poder-se-á estender a digitalização a outras comarcas.