segunda-feira, 27 de abril de 2015

Logomarcas de governos podem ser documentos históricos

A calçada do Palácio de Karnak, o talude de um viaduto sobre a BR-343, em Teresina, ou uma placa posta na Unidade Escolas Estado de São Paulo, no bairro Parque Piauí, também na zona Sul da capital do Piauí, podem ser documentos históricos? Sim, se seguirmos a Escola dos Anais.
Está muito evidente, estampada nas pedras portuguesas, a logomarca do governo de Alberto Silva (1971-1975), nas calçadas do Palácio de Karnak e do Instituto de Educação Antonino Freire.
Do mesmo modo é bastante visível a logomarca da administração estadual de Freitas Neto (1991-1994), no talude do viaduto da Praça do Viajante, em frente à Rodoviária de Teresina.
Uma placa na Unidade Escolar Estado de São Paulo, no Parque Piauí, traz a logomarca do governo de Lucídio Portella (1979-1983).
O que são importantes nesses documentos? Tanta coisa. Elas podem servir como delineadoras das opções dos respectivos governos ou de suas ações e prioridades. É um bom indicativo do que fizeram ou deixaram de fazer os governantes.
No entanto, chamaria a atenção de num historiador/pesquisador para o primeiro destes registros, o da logomarca do governo de Alberto Silva, assentada nas pedras portuguesas das calçadas do Karnak e Instituto de Educação. São registros de quatro décadas atrás, que colocam em evidência o governante, mas também uma nova abordagem sobre o uso de imagem.
A partir do governo de Silva foi que o uso de uma logomarca surgiu pela primeira vez por uma administração estadual no Piauí. Isso é um excelente objeto para estudo, porque estabelece o uso de imagem pelo governante e, portanto, faz toda a diferença.

A logomarca estampada em uma calçada é um paradigma entre um Piauí não midiático e um que começava a perceber na comunicação de massa um modo de fazer política. E de construir mitos através de um bem sucedido processo de culto à personalidade.
Alberto Silva inaugurou um momento em que se estabelecia marcas para o governo, sejam gráficas, como a logo, sejam de mentalidade – como a de determinar que ao Estado cabia estimular a autoestima das pessoas.

Desde 1971 até 2014, o uso de logomarcas tem sido uma constante pelos governos do Piauí.
Wellington Dias (2003-2010) criou para si a imagem de que governava para criar cidadãos felizes e seu sucessor, Wilson Martins (2010-2014) usou um verso do Hino do Piauí para “vender” uma ideia do Piauí como “terra querida”.
No ano passado, uma lei estadual proibiu o uso das logomarcas e estabeleceu que o brasão do Estado é que deve ilustrar placas e outras formas de sinalização.

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